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terça-feira, 17 de julho de 2018

Chikungunya provoca doenças irreversíveis nos olhos e membros inferiores

Pessoas afetadas pelo vírus tiveram de aprender a conviver com a dor.


Dores nas articulações, pernas pesadas, inchaço nos pés e dificuldade em caminhar ou correr, são algumas das características marcantes da chikungunya que podem persistir por muito tempo depois da fase aguda da infecção. Os pesquisadores estão preocupados neste momento com os danos na fase crônica da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que deixam sequelas vasculares e oculares que podem ser irreversíveis. 

Danos irreversíveis nos olhos
Um estudo recente conduzido em Feira de Santana, na Bahia, avaliou que mais da metade dos pacientes com chikungunya apresentaram alterações oculares. O responsável pela pesquisa, o médico oftalmologista Hermelino de Oliveira Neto, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), monitorou 44 pacientes com exames positivos para a doença, uma vez por mês, de novembro/2016 a janeiro/2017.

O que se pode constatar é que, 54% do total de pacientes apresentou lesões nos olhos. Em 90% dos casos é possível tratar o problema, porém entre 5% a 10% dos pacientes, foi detectada uma lesão importante na retina e no nervo óptico, que resultou em uma diminuição severa e irreversível na visão.


Ainda não há tratamento para esse tipo de atrofia óptica, que em situações extremas pode levar a uma cegueira sem retorno. “É importante termos o conhecimento de que essa doença cega. Tenho uma paciente que está cega por uma doença que poderia ser evitada”, diz Hermelino. 

Até o momento não se conhece o mecanismo pelo qual o vírus atua afetando a visão. Há uma hipótese de que se trata de uma reação autoimune, quando os anticorpos produzidos para combater o vírus acabam gerando um processo inflamatório muito intenso e agressivo aos olhos.

Doenças vasculares irreversíveis
Já não bastasse as complicações crônicas nos olhos, uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Universidade de Pernambuco (UFPE), de março a novembro de 2016, revelou lesões vasculares irreversíveis também provocadas pela doença.

Ao todo foram analisados 32 pacientes com sintomas como pés e pernas inchados, cãibras, dores nas articulações dos membros inferiores e dificuldade em caminhar. Destes, 20 continuaram sendo acompanhados, e após os exames, 65% apresentaram alterações crônicas nos vasos dos membros inferiores.


A cirurgiã vascular responsável pelo estudo, Catarina Almeida, constatou em exames de linfocintilografia, problemas como linfedema agudo e edema no dorso do pé. Isto é, acúmulo de líquido nas pernas e peito do pé devido a um bloqueio no sistema linfático. Assim como nos problemas oculares, não se tem a certeza da causa dessas sequelas, e o fato dos membros inferiores serem os mais afetados.

Assim como nos olhos, os danos vasculares irreversíveis preocupam os pesquisadores, pois os pacientes ficam mais susceptíveis a desenvolver um problema secundário nos membros inferiores, como uma segunda infecção, dificuldade em cicatrização, e tantos outros. 

Aprendendo a conviver com a dor
Enquanto não há uma solução para os danos crônicos da doença, os pacientes aprenderam a conviver com a dor. Alguns recorrem a automedicação com antiinflamatórios, quando bate uma dorzinha aqui ou ali. Outros partiram para a drenagem linfática, meias elásticas, fisioterapia, e terapias alternativas, como a fitoterapia, reiki, dentre outras. Enfim, os relatos são de uma busca pelo fim das dores; dores que diminuem a qualidade de vida daqueles que sofrem a mais de um ano com as consequências da picada de um mosquito tão devastador.

Jeferson Machado Santos.
CRF-SE: 658.
Farmacêutico pela Universidade Federal de Sergipe - UFS.
Habilitação em Bioquímica Clínica pela Universidade Federal de Sergipe - UFS.
Especialista em Administração de Empresas pela FIJ-RJ.
Especialista em Farmacologia e Interações Medicamentosas pela Uninter-IBPEX.


Publicado aqui
















Beijões Gordos,

Claudia Rocha GorDivah
Snap: gordivah

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Depoimento: 'Não sou mais a mesma pessoa'


Conceição Carneiro: 'Já não conseguia escrever, não conseguia sentar, nem andar, nem ir ao banheiro. Parecia que meu corpo estava paralizado pela dor'

Peguei chikungunya em setembro de 2014, quando a epidemia começou em Feira de Santana. Tive febre, dores no corpo e fiquei uma semana afastada com o mal estar. Na época, não fiz o exame sorológico. Me recuperei, mas continuei tendo inchaço no corpo, principalmente as pernas, com frequência. Fiz diversos exames com especialistas, porque não imaginei que fosse da chikungunya.
Em setembro de 2015, eu passei a sentir dores muito fortes. Já não conseguia escrever, não conseguia sentar, nem andar, nem ir ao banheiro. Parecia que meu corpo estava paralisado pela dor. Fiquei internada por dois dias e a sorologia identificou o vírus.
Desde então, eu não tenho mais vida social. Às vezes sento e não consigo me levantar. Tem dias em que não consigo ir ao trabalho. Não calço mais salto alto, não abaixo mais para pegar nada no chão. Acordo à noite sentindo dores, dormência nas mãos, cãimbra nas pernas, não durmo bem.
Eu perdi todas as roupas porque ganhei cerca de 18 quilos. Não consigo fazer atividades físicas. Já tentei pilates, hidroginástica, caminhada, mas não aguento, porque os nervos estão inflamados. A medicação que tomo é forte e eu não vejo muito resultado. A médica me disse que tenho que tomar por tempo indeterminado, porque não sabemos quando ficarei bem.
Não consigo mais ir a festas porque não aguento ficar em pé nem sentada por muito tempo. Só a gente não poder se arrumar como quer já mexe com a autoestima. Não uso mais anéis, porque os dedos começam a inchar.
Antes eu morava sozinha e era independente, mas hoje moro com minha sobrinha porque não consigo fazer muita coisa. Não consigo pegar uma garrafa térmica para colocar o café na xícara. Minhas mãos não a sustentam.
Pedi auxílio-doença no INSS em outubro, com os relatórios das médicas. Mas foi no período em que os peritos estavam em greve. Então eu fiquei sem receber meu salário nem o auxílio durante 3 meses. Passei dificuldade financeira, foi minha família que me deu suporte. Em janeiro eu tive que voltar ao trabalho, mesmo sem condições.
A sensação que a gente tem é de ser um robô, uma múmia, o corcunda de Notre Dame. Por pouco não fiquei deprimida. Tomei antidepressivos por quatro meses porque as médicas perceberam alterações no meu humor.
Tem dias em que você acorda mais animada, mas aí vem aquela sensação de desgaste físico como se você tivesse corrido uma maratona. Não sou mais a mesma pessoa. Ando pelas ruas me segurando nas paredes.
Conceição Carneiro, de 40 anos, é assistente social e mora em Feira de Santana, na Bahia











Beijões Gordos,

Claudia Rocha GorDivah
Snap: gordivah