quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Eu Não Gosto de Ninguém

Não me faça nem um favor.
Não espere nada de mim.
Não me fale seja o que for.
Sinto muito que seja assim.

Como se fizesse diferença o que você acha ruim.
Como se eu tivesse prometido alguma coisa pra você.
Eu nunca disse que faria o que é direito,
não se conserta o que já nasce com defeito

Não tem jeito não há nada a se fazer

Mesmo que eu pudesse controlar a minha raiva,
mesmo que eu quisesse conviver com a minha dor,
nada sairia do lugar que já estava
não seria nada diferente do que sou.

Não quero que me veja
Não quero que me chame
Não quero que me diga
Não quero que reclame

Eu espero que você entenda bem:
Eu não gosto de ninguém!



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Beijos Queen Size,

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Escrever é.....

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Fernando Pessoa - Livro do Desassossego. Vol.II. Lisboa: Ática. 1982. 




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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ecos

O passado arrombou a porta, jogou tudo no chão e desandou a vomitar tudo que ela havia trancado no porão. Cores e sorrisos e palavras sepultadas em telas frias, vozes que o vento dissipou, sentimentos ignorados e junto com ele os fantasmas da saudade vieram assombrar impiedosamente a tola sonhadora.

As músicas que ela não ousava mais escutar tocavam como num concerto em alto e bom som. Mas a única na platéia era ela que acorrentada não tinha mais como fugir daquilo que fingia ser cega pra ver.
Ela gritava, se debatia e pedia em meio a lágrimas, me deixe ir, por favor me deixe ir, mas de nada adiantava. Ela foi obrigada a lembrar, da dor, da escuridão, do egoísmo, das mentiras e do descaso, das lágrimas derramadas, do infortúnio e imenso vazio da solidão que ele havia deixado dentro dela. O passado dizia estar com saudades e que o agoniava a ideia de que ela o pudesse ter esquecido ou pior, pensar que ele a havia esquecido...ela só conseguia pensar: só pode ser um pesadelo, talvez, talvez se eu bater meus sapatos vermelhos com muita força e vontade eu volte pro meu lugar...de nada adiantou. Tola menina interior, ela pensou e de novo chorou e chorou, tanto que não percebeu a tempestade que caía como se o céu estivesse se desfazendo em milhões de pedaços...


Já sem forças, se rendeu e encarou o passado com raiva no olhar e vontade, muita vontade de mandá-lo de volta ao lugar onde pertence! Se desvencilhou dos grilhões e simplesmente virou as costas em silêncio, não havia mais palavras a dizer e sim sentimentos a resolver, ela pensava consigo mesma. E sem dizer mais nenhuma palavra, afinal o silêncio é sua especialidade, ela se afastou dali com os fones no ouvido um sorriso de sobrevivente no rosto, mas com a alma em frangalhos. E que importava que estivesse quase sem alma, só ela sabia disso e ninguém conseguia perceber no final do dia que ali estava apenas um corpo, nada mais....






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