terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Não Posso Ser Seu Contatinho

Muito menos um dos seus esquemas. Eu sou demissexual, isto quer dizer que eu preciso de vínculo , laço,  conexão, identificação para talvez sentir vontade de ficar com você. Eu não consigo usar um Tinder ou interagir em outros apps e já marcar um encontro, muito menos fazer isso com várias pessoas ao mesmo tempo. Eu nem consigo com uma, quanto mais com vários esquemas.

Eu não escolho ser assim, simplesmente sou desse jeito, nasci assim. Eu sou aquela paradona que gosta e precisa conversar muito, ser ouvida e também ouvir, uma que vai conversar de boas com você por horas se você deixar, sobre os mais variados assuntos. Comigo não haverá joguinhos porque eu nunca aprendi a jogar Sedução, haverá sinceridade, transparência e verdade. Se eu quiser algo eu vou dizer sim, se não quiser eu direi não.

Se eu me identificar com você, ainda assim eu vou querer saber mais sobre ti, te conhecer melhor para então ter qualquer coisa física. E se eu aceitar me encontrar com você, não se espante com a minha total falta de familiaridade com protocolos de encontros. Se eu quiser rir à vontade no primeiro encontro, eu vou rir, eu não vou estar preocupada em fazer você gostar de mim e fazer você querer me convidar de novo, eu vou estar pensando em nada, estarei agindo naturalmente pois não preciso te convencer de nada, nem me convencer de nada. Eu apenas estarei consciente do e no momento presente.

Quando eu te digo que não tenho contatinhos e você duvida, eu sorrio pois você não sabe a praga que é ser demissexual num mundo cheio de apps pós Tinder. TODO MUNDO tem vários esquemas e contatinhos, mas, eu realmente nem tenho um. Me conectar com alguém é raro e mais raro ainda é esta pessoa querer algo comigo. E sem esta conexão sou totalmente assexual, ninguém me desperta interesse. E com esta conexão, só a pessoa com quem estou ligada, me desperta desejo e vontade de estar junto, bem junto. Eu sei que para quem não vive a assexualidade, isto parece absurdo, mas, para uma demissexual que não é polirromântica é a mais pura verdade.

Eu não escolhi ser assim, apenas nasci deste jeito.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Vou Fugir Deste Lugar Baby


Existem coisas que acontecem em nossas vidas e que nos mudam para sempre, um dia, uma pessoa, uma palavra, um show da banda que você ama, uma viagem, um gesto, uma gafe, um afeto, um desafeto, dor física, dor emocional...existe tanta coisa que pode catalisar uma mudança em nós que para enunciar as principais eu precisaria de um mês direto escrevendo. Como a maioria aqui sabe, eu estou há 20 meses com chikungunya, sentindo dores físicas e emocionais um dia sim e no outro também e é uma guerra diária que travo para não permitir que a dor me consuma por completo e a constatação da minha incapacidade presente e frustração diária com uma pitada de superação a cada dia.

Por mais que eu resista, a realidade é que a dor me mudou muito, a tal ponto que estou precisando me redescobrir de novo e de novo todos os dias. E a cada dia que passa, mais eu me isolo e menos paciência eu tenho com gente de bad vibes ou comportamento que não me acrescenta nada de bom. E eu tenho sentido tanta raiva, tanta raiva que às vezes preciso me isolar pra olhar bem nos olhos dessa raiva e dialogar com ela, tentar entender suas razões e motivo de existir. E nesse looping louco eu me tornei uma fugitiva, eremita, o que seja. Há dias em que mal me reconheço por trás das lágrimas que rolam diariamente no meu rosto, mas eu sigo em frente, fugindo, me escondendo do mundo, das coisas, de pessoas novas porque eu mal consigo lidar comigo mesma, não acho justo me apresentar à alguém neste estado em que estou, estou fragilizada, fraca, triste, irada, sem paciência e com pouco bom humor. Estou acostumada já ao esquecimento, 20 meses com dor e incapacitada por causa dela tornaram as minhas redes mais silenciosas, amigos sumiram e não sobraram muitas pessoas que ainda se importem com o meu bem estar ou se interessem em saber dele e se tem uma coisa que eu nunca fiz é me intrometer na liberdade e esquecimento dos outros, todos que entram em minha vida são livre para sumirem se quiserem, permanecerem ou fazer o que acharem melhor, não sou de cobrar, de prender ou me agarrar á todo custo à outra existência além da minha. E assim como dou liberdade eu também a exerço como acho melhor para mim.

E tudo isso para confessar que está muito difícil permanecer por aqui, estou quase fazendo planos para sumir, desaparecer de vez porque eu simplesmente não sei mais lidar com tudo isso e nem quero mais, mesmo! Se eu tiver coragem o bastante para sumir e apagar toda minha vida online, peço que lembrem não de mim, mas de do amor e positividade que sempre dediquei à missão de tornar o mundo à minha volta um lugar melhor e que eu posso não existir mais por aqui, mas, todo esse amor que coloquei em movimento, ele sempre existirá em um cantinho do universo, em algum coraçãozinho que me permitiu entrar e plantar a sementinha do amor próprio.










Beijões Gordos,

Claudia Rocha GorDivah
Snap: gordivah

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Venha ver o pôr do sol – Lygia Fagundes Telles


ELA SUBIU sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.

Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinham um jeito jovial de estudante.
– Minha querida Raquel.
Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.
– Vejam que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que idéia, Ricardo, que idéia! Tive que descer do taxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima.
Ele sorriu entre malicioso e ingênuo.
– Jamais, não é? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância…Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete-léguas, lembra?
– Foi para falar sobre isso que você me fez subir até aqui? – perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro. – Hem?!
– Ah, Raquel… – e ele tomou-a pelo braço rindo.
– Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado…Juro que eu tinha que ver uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então fiz mal?
– Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abrandara a voz – E que é isso aí? Um cemitério?
Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem.
– Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo – acrescentou, lançando um olhar às crianças rodando na sua ciranda. Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro. Sorriu. – Ricardo e suas idéias. E agora? Qual é o programa?
Brandamente ele a tomou pela cintura.
– Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do mundo.
Perplexa, ela encarou-o um instante. E vergou a cabeça para trás numa risada.
– Ver o pôr do sol!…Ah, meu Deus…Fabuloso, fabuloso!…Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr do sol num cemitério…
Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta.
– Raquel minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura…
– E você acha que eu iria?
– Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um instante numa rua afastada…- disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento –Você fez bem em vir.
– Quer dizer que o programa… E não podíamos tomar alguma coisa num bar?
– Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende.
– Mas eu pago.
– Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico.
Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava.
– Foi um risco enorme Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero ver se alguma das suas fabulosas idéias vai me consertar a vida.
– Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado – prosseguiu ele, abrindo o portão. Os velhos gonzos gemeram. – Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui.
– É um risco enorme, já disse . Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros.
– Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo…
O mato rasteiro dominava tudo. E, não satisfeito de ter se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrando-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com a sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte. Foram andando vagarosamente pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos medalhões de retratos esmaltados.
– É imenso, hem? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, é deprimente – exclamou ela atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada.- Vamos embora, Ricardo, chega.
– Ah, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambigüidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja e você se queixa.
– Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre.
Delicadamente ele beijou-lhe a mão.
– Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo.
– É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais.
– Ele é tão rico assim?
– Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro…
Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram.
– Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra?
Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo.
– Sabe Ricardo, acho que você é mesmo tantã…Mas, apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo. Que ano aquele! Palavra que, quando penso, não entendo até hoje como agüentei tanto, imagine um ano.
– É que você tinha lido A dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora. Hem?
– Nenhum – respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: – A minha querida esposa, eternas saudades – leu em voz baixa. Fez um muxoxo.- Pois sim. Durou pouco essa eternidade.
Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido.
Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos. Veja- disse, apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda -, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas…Esta a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso.
Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou.
– Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim – Deu-lhe um rápido beijo na face. – Chega Ricardo, quero ir embora.
– Mais alguns passos…
– Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! – Olhou para atrás. – Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta.
– A boa vida te deixou preguiçosa. Que feio – lamentou ele, impelindo-a para frente. – Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr do sol. – E, tomando-a pela cintura: – Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas.
– Sua prima também?
– Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos…Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas…Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus.
– Vocês se amaram?
– Ela me amou. Foi a única criatura que…- Fez um gesto. – Enfim não tem importância.
Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o
– Eu gostei de você, Ricardo.
– E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença?
Um pássaro rompeu o cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu.
– Esfriou, não? Vamos embora.
– Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos.
Pararam diante de uma capelinha coberta de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira. Entre os braços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombro do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba.
Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha.
– Que triste é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui?
Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu melancólico.
– Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo?
– Mas já disse que o que eu mais amo neste cemitério é precisamente esse abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta.
Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semi-obscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento.
– E lá embaixo?
– Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó- murmurou ele. Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la. – A cômoda de pedra. Não é grandiosa?
Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor.
– Todas estas gavetas estão cheias?
– Cheias?…- Sorriu.- Só as que tem o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe- prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado, embutido no centro da gaveta.
Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz.
– Vamos, Ricardo, vamos.
– Você está com medo?
– Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio!
Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado:
– A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato. Foi umas duas semanas antes de morrer… Prendeu os cabelos com uma fita azul e vejo-a se exibir, estou bonita? Estou bonita?…- Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente.- Não, não é que fosse bonita, mas os olhos…Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus.
Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada.
– Que frio que faz aqui. E que escuro, não estou enxergando…
Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira.
– Pegue, dá para ver muito bem…- Afastou-se para o lado.- Repare nos olhos.
– Mas estão tão desbotados, mal se vê que é uma moça…- Antes da chama se apagar, aproximou-a da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente.- Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil oitocentos e falecida…- Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel – Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti…
Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso meio inocente, meio malicioso.
– Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso? Brincadeira mais cretina! – exclamou ela, subindo rapidamente a escada. – Não tem graça nenhuma, ouviu?
Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-a da fechadura e saltou para trás.
– Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! – ordenou, torcendo o trinco.- Detesto esse tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida!
– Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta, tem uma frincha na porta. Depois, vai se afastando devagarinho, bem devagarinho. Você terá o pôr do sol mais belo do mundo.
Ela sacudia a portinhola.
– Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente!- Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso. – Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra…
Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque.
– Boa noite, Raquel.
– Chega, Ricardo! Você vai me pagar!… – gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo.- Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos!- exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando.
– Não, não…
Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando as duas folhas escancaradas.
– Boa noite, meu anjo.
Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida.
– Não…
Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos. E, de repente, o grito medonho, inumano:
– NÃO!
Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de um animal sendo estraçalhado. Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira. Crianças ao longe brincavam de roda.

Lygia Fagundes Telles In:.Antes do Baile Verde. 1970.
Publicado aqui

NOTA DA BLOGUEIRA: É por isso que não sou amiga de ex-namorado ahahahah









Beijões Gordos,

Claudia Rocha GorDivah
Snap: gordivah

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Moda Gorda - Vale Plus

A blogueira e consultora de moda Débora Fernandes e a modelista e empreendedora Wendi Caires uniram suas experiências no segmento plus size para possibilitar que a moda seja mais democrática, moderna e acessível para o público do Vale do Paraíba.

Juntas, organizaram as duas primeiras edições do Vale Plus, em fevereiro e julho de 2017. A feira de moda plus size tem como objetivo reunir  consumidores desse segmento no Vale do Paraíba e fornecedores de diferentes estilos. A terceira edição do Vale Plus acontecerá no dia 26 de novembro, em São José dos Campos.

            Mais do que a moda, o evento promove a inserção e a autoestima. “Fico muito feliz de vê-las saindo cheias de sacola, mas nosso melhor retorno são os depoimentos sobre autoestima e como a relação das mulheres com seus corpos mudaram e como se sentem felizes ao encontrar peças e artigos que sempre quiseram em um só lugar.” diz Débora Fernandes.

O crescimento da moda plus size é uma ferramenta muito importante para o empoderamento feminino, pois permite que as mulheres tornem-se mais confiantes ao utilizarem roupas e acessórios sem preocupar-se com a validação da sociedade.

 

A feira serácomposta por 32 stands com variedade de moda plus size e acessórios. A área externa vai contar com food truck e área kids. Para Wendi Caires a feira é um momento de confraternização: “Será um evento para toda família, queremos que nossas convidadas passem o domingo com a gente. Os maridos também são bem vindos, teremos opções de moda masculina plus size e chopp”.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Chikungunya: a visão do clínico de dor


Chikungunya: a visão do clínico de dor
Anita Perpetua Carvalho Rocha de Castro1 
Rafaela Araújo Lima1 
Jedson dos Santos Nascimento1 
1Santa Casa da Misericórdia da Bahia, Hospital Santa Izabel, Departamento de Anestesiologia, Salvador, BA, Brasil.

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:
A chikungunya é uma doença viral de distribuição tropical que acomete indivíduos em diferentes países do mundo e está associada a quadro clinico variável, caracterizado pela existência de duas fases: aguda e crônica. A fase aguda é de curta duração e de sintomas inespecíficos. A fase crônica é marcada pela presença de dor persistente, com comprometimento da qualidade de vida dos pacientes. O objetivo deste estudo foi discutir a chikungunya sob a ótica do clinico de dor, atentando para os seus aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos, diagnósticos e terapêuticos, principalmente no que diz respeito ao tratamento dos sintomas álgicos.

CONTEÚDO:
A fisiopatologia da chikungunya é pouco compreendida e envolve mecanismos predominantemente periféricos. O seu diagnóstico é feito por meio da observação de quadro clinico sugestivo, associado a realização de exames laboratoriais específicos. A condução dos pacientes com diagnóstico confirmado envolve a utilização de analgésico comum e anti-inflamatório, além de corticosteroides, antidepressivos e anticonvulsivantes nos casos refratários. Pacientes com doença reumática inflamatória crônica parecem se beneficiar do uso de metotrexato.

CONCLUSÃO:
A chikungunya é uma entidade complexa e ainda pouco compreendida. Diferentes esquemas terapêuticos estão disponíveis para o tratamento do quadro álgico a ela associado, entretanto 40% dos pacientes evoluem com dor crônica e comprometimento da qualidade de vida.
Descritores: Artralgia; Chikungunya crônica; Dor; Febre

INTRODUÇÃO
A chikungunya é uma doença febril aguda associada a dor intensa e frequente poliartralgia debilitante. É causada pelo vírus da Chikungunya, um alfavírus pertencente à família Togaviridae, transmitido por meio da picada da fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus1. Sabe-se que o vírus da chikungunya é capaz de acometer células endoteliais e epiteliais humanas, fibroblastos, dendritos, macrófagos e células B, assim como células musculares2, implicando a possibilidade de diferentes apresentações clínicas.
Artrites por alfavírus, incluindo o vírus da chikungunya, tem sido relacionada a doença prolongada. Segundo diferentes autores, considerando ambas, a incidência de chikungunya nos últimos 10 anos no mundo e a prevalência de sintomas persistentes no primeiro ano após a infecção aguda, o número cumulativo de indivíduos infectados por chikungunya sofrendo de dor incapacitante e de longa duração é estimado em 1 a 2 milhões3-5. A chikungunya é a arbovirose associada a maior grau de manifestações reumatológicas.
A chikungunya foi inicialmente descrita em 1952, em Newala, distrito de Tanganica, no leste da África. O seu nome refere à postura inclinada adotada pelos indivíduos em função dos sintomas álgicos resultantes do acometimento articular, tendo sua origem no idioma da Tanzânia e de Moçambique6. Trata-se de uma doença cuja distribuição geográfica engloba a África, a Ásia e a América do Sul, regiões tidas como áreas endêmicas. Entretanto, apesar de haver o reconhecimento de áreas endêmicas, a chikungunya é uma ameaça à população que vive em áreas tropicais com características sazonais, as quais favorecem o desenvolvimento do Aedes aegypti e do Aedes albopictus. Em 2007, uma turista infectada proveniente da Índia introduziu a chikungunya no norte da Itália, resultando na identificação de 292 casos suspeitos.
O objetivo deste estudo foi discutir a chikungunya sob a ótica do clinico de dor, atentando para os seus aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos, diagnósticos e terapêuticos, principalmente no que diz respeito ao tratamento dos sintomas álgicos.

QUADRO CLÍNICO
O espectro clínico da chikungunya é amplo. Sabe-se que o período de incubação é de dois a seis dias, com os sintomas aparecendo quatro a sete dias após a infecção. A chikungunya tende a apresentar-se em duas fases: aguda e crônica. Na fase aguda, os indivíduos apresentam-se com febre alta, calafrio, cefaleia, náusea, vômito, fadiga, dor nas costas, mialgia e artralgia simétrica. Essa última pode ser intensa, afetando as extremidades, principalmente os tornozelos, punhos e falanges. O padrão da artralgia é errático, embora haja uma tendência para que seja mais intensa pela manhã e piore com atividade física mais agressiva. Quando a dor articular persiste além do período de recuperação, tem-se a fase crônica da doença. Nesta, a poliartralgia prolonga-se por semanas a anos e compromete a qualidade de vida (QV) do paciente.
Acredita-se que a infecção pelo vírus da chikungunya possa contribuir para o desenvolvimento de uma doença inflamatória reumática ou até mesmo colaborar para o diagnóstico precoce de artrite reumatoide e artrite psoriática em pacientes suscetíveis. Nesse contexto, biomarcadores devem ser pesquisados, como proteína C reativa, velocidade de hemossedimentação, fator reumatoide, anticorpo anti-peptídeo cíclico citrulinado (anticorpo anti-CCP) e expressão de HLA-B277-9. Quando necessário, exames de imagem devem ser solicitados. Resultados de ressonância nuclear magnética (RNM) são representados por derrame articular, erosões ósseas, edema ósseo, espessamento sinovial, tendinite e tenossinovite. Essa observação contribui para a classificação da artrite por chikungunya como uma artrite crônica inflamatória erosiva.
Em um estudo retrospectivo realizado por Javelle et al.10, 112 pacientes apresentaram critério para doença reumatológica inflamatória crônica. Dezoito pacientes tinham diagnóstico prévio de doença reumatológica e 94 obtiveram esse diagnóstico após a infecção pela chikungunya. Vinte e sete por cento desses pacientes apresentaram inabilidade para trabalhar e 77% referiram redução de suas atividades diárias. Metade dos pacientes com diagnóstico de doença reumatológica após a infecção pela chikungunya apresentou alterações radiológicas representadas pela destruição osteoarticular. A média de tempo entre a chikungunya aguda e o diagnóstico radiológico da lesão foi de 45 meses. Alguns pacientes apresentaram espondiloartrite, sacroileite e erosões ósseas. Acredita-se que a lesão articular seja decorrente da resposta do sistema imunológico, com consequente artrite autoimune.
Diferentes preditores têm sido envolvidos no desenvolvimento desse quadro mais arrastado da chikungunya, caracterizado pela presença de dor musculoesquelética persistente. Dentre eles destacam-se idade superior a 45 anos, dor articular inicial intensa, osteoartrite anterior11 e forte resposta IgG-específica ao vírus da chikungunya no período de recuperação e na fase crônica, os quais parecem ser indicadores independentes de não recuperação.
Sabe-se que os sintomas crônicos diminuem com o tempo após uma infecção inicial, sendo de 88 a 100% durante as primeiras seis semanas e de menos de 50% após três a cinco anos, com resultados variáveis dependendo do estudo. O tempo de recuperação completa ainda é incerto e alguns indivíduos infectados ainda permanecem sintomáticos seis a oito anos após a infecção inicial12,13.
Embora raras complicações graves da chikungunya tenham sido descritas, elas incluem miocardite, meningoencefalite, e hemorragia. Alguns pacientes desenvolvem uveite e retinite. Morte por chikungunya é pouco frequente, mas pode acometer em indivíduos idosos com comorbidades e crianças.

FISIOPATOLOGIA
A fisiopatologia da chikungunya é pouco compreendida e envolve mecanismos predominantemente periféricos. Segundo Chow et al.14, a fase aguda está associada à viremia, isto é, sintomas clínicos que refletem a carga viral e o início da imunidade inata, estando relacionada com elevado nível de citocinas pro-inflamatórias tais como alfa-interferon e IL-6, IL 1Ra, IL-12, IL-15, IP-10 e MCP-1. Após esse período inicial, que dura até 4 dias, observa-se uma rápida redução da viremia e do quadro de dor articular, com consequente melhora da QV. Nos 5 a 14 dias subsequentes, período conhecido como de convalescença, os pacientes não apresentam mais viremia detectável, entretanto alguns indivíduos persistem com sintomas. Estudos demonstram que mais de 40% dos pacientes evoluem para a forma crônica da doença.
Os mecanismos fisiopatológicos da dor musculoesquelética e da artrite crônica após infecção pelo vírus da chikungunya são parcialmente conhecidos. Acredita-se que esses sintomas sejam decorrentes do escape precoce do vírus da chikungunya do interior dos monócitos e consequente relocação nos macrófagos sinoviais. Essa hipótese tem sido reforçada pela observação da persistência, por tempo prolongado, do vírus da chikungunya em tecidos musculares, articulares, hepático e linfoide15.
Queixas neurológicas podem estar presentes em 40% dos pacientes. Destes, 10% irão evoluir com manifestações persistentes. Neuropatia periférica com predomínio de componente sensitivo é a apresentação mais comum. Neuropatia motora é rara. Acredita-se que dor e parestesia podem estar associadas a neuropatia compressiva. Saxena et al.16 demonstraram por meio de exame eletroneuromiográfico e da realização de exame físico neurológico, que pacientes com chikungunya cursam frequentemente com dor neuropática de origem periférica. Sabe-se que a dor neuropática, geralmente descrita como sensação de choque ou queimação, está associada a maior comprometimento da QV do paciente e maior dificuldade de tratamento.
Ao analisar a fisiopatologia da chikungunya, observa-se que a dor pode apresentar origem mista, com envolvimento de mecanismos nociceptivos e neuropáticos.

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da chikungunya inclui a confirmação laboratorial da infecção, baseado na sorologia, PCR em tempo real (RT-PCR) ou isolamento viral, associado à presença de quadro clínico sugestivo da doença. Trinta por cento dos indivíduos infectados são assintomáticos. Anticorpos IgM, demonstráveis por teste de ELISA, podem surgir em duas semanas, entretanto, alguns pacientes só irão produzir anticorpos suficientes para ser detectados pelo teste citado seis a 12 semanas após o quadro inicial.
Exames laboratoriais gerais devem ser solicitados. Em estudo realizado na Ásia17 que avaliou a evolução de pacientes portadores de chikungunya foram identificadas leucopenia, trombocitopenia, neutropenia e anormalidade do perfil hepático em muitos pacientes, em uma proporção de 94% para leucopenia e 14% para alteração do perfil hepático.
Em função do quadro clínico semelhante é importante afastar a presença de artrite reumatoide. Na artrite associada a chikungunya os níveis de fator reumatoide e anticorpo anti-CCP não são elevados, entretanto é fundamental enfatizar que estudos demonstram que um terço dos pacientes portadores de chikungunya preenchem os critérios do Colégio Americano de Reumatologia para o diagnóstico de artrite reumatoide18. Nos pacientes com dor crônica não articular, deve-se investigar rabdomiólise, depressão e síndrome fibromiálgica19.

TRATAMENTO
Apesar do crescente diagnóstico de chikungunya, não há recomendação baseada em "guidelines" para o seu tratamento. Não se dispõe de terapia antiviral específica nem vacina preventiva. O objetivo do tratamento, portanto, é controlar a febre, reduzir o impacto do processo imunológico, tratar a dor, eliminar o edema, minimizar os efeitos das erupções e evitar o aparecimento de lesões articulares crônicas. Os pacientes são orientados a adotar cuidados gerais e a utilizar fármacos como antipiréticos e analgésicos; entretanto, alguns indivíduos permanecem sintomáticos.
Dentre os sintomas descritos, a dor merece destaque, por seu impacto negativo na QV do individuo, apresentando-se como um desafio para os profissionais de saúde. Analgésicos simples e anti-inflamatórios não hormonais (AINH), ao bloquearem a formação de mediadores inflamatórios e a síntese de prostaglandinas promovem alívio na maioria dos pacientes, porém 40% deles necessitam fazer uso de fármacos mais potentes, com diferentes mecanismos de ação.
Pacientes com desordens musculoesqueléticas associadas à chikungunya, com poliartralgia envolvendo as mãos e pés, tipicamente apresentando edema e outros sinais flogísticos, beneficiam-se da utilização de ciclos curtos de corticosteroide. Sabe-se que os corticosteroides atuam reduzindo o fenômeno inflamatório e bloqueando o processo imunológico, particularmente na fase aguda da doença20,21. Não há consenso quanto ao melhor esquema de tratamento, entretanto, alguns autores recomendam prednisona por via oral na dose de 40 a 60mg ao dia, por três a cinco dias. Uma alternativa seria a dexametasona 4mg a cada 8h, por via oral ou parenteral, por três dias e, nos casos refratários, a aplicação de corticosteroide intra-articular10. Pacientes com parestesia devem ser abordados com fármacos específicos para o tratamento de dor neuropática. Dentre estes se destacam os antidepressivos tricíclicos, os anticonvulsivantes gabapentinoides e os opioides, como o tramadol22. Os antidepressivos tricíclicos inibem a recaptação de noradrenalina e serotonina, fortalecendo as vias descendentes inibitórias da dor. Os gabapentinoides, por sua vez, diminuem o influxo de cálcio e posterior liberação de neurotransmissores como o glutamato, a substância P e o peptídeo geneticamente relacionado à calcitonina, os quais estão envolvidos com dor persistente, de difícil controle. A dose deve ser titulada em função do perfil do paciente e da resposta clinica apresentada. No tratamento da dor neuropática, a pregabalina deve ser utilizada na dose de 150 a 600mg ao dia e a gabapentina na dose de 900 a 3600mg ao dia23.
O metotrexato (MTX), na dose média de 15mg por semana, parece ser benéfico nas poliartrites reumáticas inflamatórias desenvolvidas após a chikungunya. O MTX tem sua utilização justificada pela observação da presença de monócitos e macrófagos no tecido sinovial de pacientes crônicos, possivelmente pela persistência do vírus nessa localidade24.
Os casos com artralgia prolongada e rigidez articular podem se beneficiar de um programa progressivo de fisioterapia. O movimento e o exercício moderado tendem a melhorar a rigidez matinal e a dor, porém o exercício intenso pode exacerbar os sintomas álgicos.

CONCLUSÃO
A chikungunya é uma entidade complexa e ainda pouco compreendida. Acredita-se que sua fisiopatologia envolva mecanismos nociceptivos e neuropáticos. Diferentes esquemas terapêuticos estão disponíveis para o tratamento do quadro álgico a ela associado, entretanto 40% dos pacientes evoluem com dor crônica e comprometimento da QV. Novos estudos são necessários para definir a melhor conduta a ser adotada.

Fontes de fomento: não há.

REFERÊNCIAS
1 Pialoux G, Gaüzère BA, Jauréguiberry S, Strobel M. Chikungunya, an epidemic arbovirosis. Lancet Infect Dis. 2007;7(5):319-27. [ Links ]
2 Ozden S, Huerre M, Riviere JP, Coffey LL, Afonso PV, Mouly V, et al. Human muscle satellite cells as targets of Chikungunya virus infection. PLoS One. 2007;2:e527. [ Links ]
3 Borgherini G, Poubeau P, Jossaume A, Gouix A, Cotte L, Michault A, et al. Persistent arthralgia associated with chikungunya virus: a study of 88 adult patients on reunion island. Clin Infect Dis. 2008;47(4):469-75. [ Links ]
4 Sissoko D, Malvy D, Ezzedine K, Renault P, Moscetti F, Ledrans M, et al. Post-epidemic Chikungunya disease on Reunion Island: course of rheumatic manifestations and associated factors over a 15-month period. PLoS Negl Trop Dis. 2009;3(3):e389. [ Links ]
5 Chopra A, Anuradha V, Ghorpade R, Saluja M. Acute Chikungunya and persistent musculoskeletal pain following the 2006 Indian epidemic: a 2-year prospective rural community study. Epidemiol Infect. 2012;140(5):842-50. [ Links ]
6 Robinson MC. An epidemic of virus disease in Southern Province, Tanganyika Territory, in 1952-53. I. Clinical features. Trans R Soc Trop Med Hyg. 1955;49(1):28-32. [ Links ]
7 van der Linden MP, Knevel R, Huizinga TW, van der Helm-van Mil AH. Classification of rheumatoid arthritis: comparison of the 1987 American College of Rheumatology criteria and the 2010 American College of Rheumatology/European League Against Rheumatism criteria. Arthritis Rheum. 2011;63(1):37-42. [ Links ]
8 Braun J, van der Berg R, Baraliakos X, Boehm H, Burgos-Vargas R, Collantes-Estevez E, et al. 2010 update of the ASAS/EULAR recommendations for the management of ankylosing spondylitis. Ann Rheum Dis. 2011;70(6):896-904. [ Links ]
9 Taylor W, Gladman D, Helliwell P, Marchesoni A, Mease P, Mielants H, CASPAR Study Group: Classification criteria for psoriatic arthritis: development of new criteria from a large international study. Arthritis Rheum. 2006;54(8):2665-73. [ Links ]
10 Javelle E, Ribera A, Degasne I, Gaüzère BA, Marimoutou C, Simon F. Specific management of post-chikungunya rheumatic disorders: a retrospective study of 159 cases in Reunion Island from 2006-2012. PLoS Negl Trop Dis. 2015;9(3):e0003603. [ Links ]
11 Sissoko D, Malvy D, Ezzedine K, Renault P, Moscetti F, Ledrans M, et al. Post-epidemic Chikungunya disease on Reunion island: course of rheumatic manifestations and associated factors over a 15 month period. PLoS Neglt Trop Dis. 2009;3(3):e389. [ Links ]
12 Waymouth HE, Zoutman DE, Towheed TE. Chikungunya-related arthritis: Case report and review of the literature. Semin Arthritis Rheum. 2013;43(2):273-8. [ Links ]
13 Marimoutou C, Vivier E, Oliver M, Boutin JP, Simon F. Morbidity and impaired quality of life 30 months after chikungunya infection: comparative cohort of infected and uninfected French military policemen in Reunion Island. Medicine (Baltimore). 2012;91(4):212-9. [ Links ]
14 Chow A, Her Z, Ong EK, Chen JM, Dimatatac F, Kwek DJ, et al. Persistent arthralgia induced by Chikungunya virus infection is associated with interleukin-6 and granulocyte macrophage colony-stimulating factor. J Infect Dis. 2011;203(2):149-57. [ Links ]
15 Labadie K, Larcher T, Joubert C, Mannioui A, Delache B, Brochard P, et al. Chikungunya disease in nonhuman primates involves long-term viral persistence in macrophages. J Clin Invest. 2010;120(3):894-906. [ Links ]
16 Saxena AA, Jawatkar J, Murthy JM, Rath A, Guruprasad H. Entrapment neuropathies in chikungunya arthritis: clinical and electrodiagnostic study. Ann Indian Acad Neurol. 2008;11(2):142. [ Links ]
17 Thiberville SD, Boisson V, Gaudart J, Simon F, Flahault A, de Lamballerie X. Chikungunya fever: a clinical and virological investigation of outpatients on Reunion Island, South-West Indian Ocean. PLoS Negl Trop Dis. 2013;7(1):e-2004.. [ Links ]
18 Manimunda SP, Vijayachari P, Uppoor R, Sugunan AP, Singh SS, Rai SK, et al. Clinical progression of chikungunya fever during acute and chronic arthritic stages and the changes in joint morphology as revealed by imaging. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2010;104(6):392-9. [ Links ]
19 Mathew AJ, Goyal V, George E, Thekkemuriyil DV, Jayakumar B, Chopra A: Trivandrum COPCORD Study Group. Rheumatic-musculoskeletal pain and disorders in a naïve group of individuals 15 months following a Chikungunya viral epidemic in south India: a population based observational study. Int J Clin Pract. 2011;65(12):1306-12. [ Links ]
20 Mylonas AD, Harley D, Purdie DM, Pandeya N, Vecchio PC, Farmer JF, et al. Corticosteroid therapy in an alphaviral arthritis. J Clin Rheumatol. 2004;10(6):326-30. [ Links ]
21 Watson DA, Ross SA. Corticosteroids for the complications of Ross River virus infection. Med J Aust. 1998;168(2):92. [ Links ]
22 De Andrade DC, Jean S, Clavelou P, Dallel R, Bouhassira D. Chronic pain associated with the Chikungunya Fever: long lasting burden of an acute illness. BMC Infect Dis. 2010;10:31. [ Links ]
23 Finnerup NB, Attal N, Haroutounian S, McNicol E, Baron R, Dworkin RH, et al. Pharmacotherapy for neuropathic pain in adults: systematic review, meta-analysis. Lancet Neurol. 2015;14(2):162-73. [ Links ]
24 Hoarau JJ, Jaffar Bandjee MC, Krejbich Trotot P, Das T, Li-Pat-Yuen G, Dassa B, et al. Persistent chronic inflammation and infection by Chikungunya arthritogenic alphavirus in spite of a robust host immune response. J Immunol. 2010;184(10):5914-27. [ Links ]











Postado aqui











Beijões Gordos,

Claudia Rocha GorDivah
Snap: gordivah

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Aedes aegypti – A EPIDEMIOLOGIA DO CHIKUNGUNYA.



No Brasil, o mosquito Aedes aegypti havia sido erradicado na década de 1950; entretanto, tornou a causar problemas de saúde pública nas décadas de 1960 e 1970. Aqui descrevemos um pouco sobre dados epidemiológicos dos vírus Chikungunya com a finalidade de informar a população em relação ao surto promovido pelo mosquito. Para tal, buscamos o que há de concreto sobre o assunto nos artigos científicos.


Envolvido, esférica, cerca de 50 nm de diâmetro. Viriões maduros contêm três proteínas da membrana codificadas por vírus (Erns, E1 e E2), além de a proteína do capsídeo.
Envelope esférico de cerca de 50 nm de diâmetro. O vírus maduro contêm três proteínas da membrana codificadas (Erns, E1 e E2), além de a proteína do capsídeo.
Diante do estado epidêmico que o país se encontra, é fundamental para a população compreender o significado e o potencial biológico da presença das partículas virais em grandes centros urbanos. Assim, é necessário compreender um pouco sobre a biologia básica do vírus chikungunya. Os aspectos biológicos básicos e epidemiológicos do mosquito Aedes aegypti(bem como do vírus da dengue) já foram descritos no texto sobre os dados epidemiológicos da dengue. Convém uma breve leitura na qual caracteriza a taxonomia, dispersão no mosquito mundo, estratégias de contenção, além da apresentação dos dados referentes ao vírus da dengue no mundo, suas características genômicas, sua origem evolutiva e sua presença no Brasil. Aqui então trataremos primeiramente dos dados epidemiológicos do vírus chikungunya.
O vírus Chikungunya – CHIKV
Acredita-se que a palavra “chikungunya” seja derivada de uma descrição na língua Makonde, que significa “aquele que se dobra para cima”, em referência a postura contorcida de pessoas afetadas e sofrendo com a dor articular severa, sintomas de artrite associados a esta doença (Centers for Disease Control Prevention, 2006). O vírus da chikungunya causa uma infecção viral caracterizada pelo aparecimento súbito de febre de dois a quatro dias após a exposição ao mosquito Aedes aegypti.
Aedes aegypti
Aedes aegypti
A doença foi descrita pela primeira vez por Marion Robinson e RCQ Lumsden (Lumsden, 1955) em 1955, após um surto que acometeu Makonde Plateau, ao longo da fronteira entre Moçambique e Tanganica (parte continental da Tanzânia) em 1952. De acordo com o relatório inicial de 1955 sobre a epidemiologia da doença, o termo “chikungunya” é derivado do verbo kungunyala. Pesquisadores posteriores ignoraram as referências à língua Makonde e assumiram o termo ter sido derivado de Swahili, uma língua franca da região. A atribuição errônea de Swahili foi repetida em várias fontes de impressão (Benjamin, 2008) e muitos grafias erradas do nome da doença também são de uso comum, como o chicungunha, na versão brasileirada.
Desde sua descoberta em Tanganica, na África, surtos de vírus chikungunya ocorreram ocasionalmente no Sul e Sudeste da Ásia e África, e agora espalharam-se pelo mundo.
Historicamente, o primeiro surto registrado desta doença pode ter sido em 1779 (Carey, 1971) de acordo com a evidência genética molecular que sugere que ele surgiu por volta do ano 1700 (Cherian et al, 2009). O vírus é transmitido aos seres humanos por duas espécies de mosquito do gênero Aedes: o tradicional A. aegypti e o A. albopictus (Lahariya & Pradhan, 2006; Staples & Fischer, 2014) onde os reservatórios do vírus incluiam macacos, aves, gado e roedores (Schwarz et al, 2012). Em contrapartida, o único reservatório animal do vírus da dengue são os primatas (World Health Organization). Desde 2004, surtos ocorreram tanto na Ásia, quanto Europa e nas Américas. Uma pesquisa feita pelo Instituto Pasteur na Paris mostrou que estirpes de vírus chikungunya que provocaram surtos de 2005/2006 ocorreu devido uma mutação que facilitou a transmissão pelo mosquito tigre-asiático tendo como vetor o A. albopictus (Enserink, 2007). Outras espécies potencialmente capazes de transmitir o vírus chikungunya incluem A. furciferA. africanus e A. luteocephalus (Burt et al, 2012).
O chikungunya causa febre acompanhada de dores articulares durante semanas ou meses, e às vezes por anos (Powers & Logue, 2007; Sourisseau et al, 2007; Schilte et al, 2013). A taxa de mortalidade é um pouco menor que 1 pessoa por 1000 habitantes e afeta mais idosos e pessoas com algum problema médico crônico com complicações graves (Mavalankar et al, 2008). O vírus chikungunya, é biologicamente referido como CHIKV, um membro do gênero Alphavirus da família Togaviridae.
Em imunologia, alfavírus é uma classificação biológica feita com base na composição do genoma viral que foi descrita pela primeira vez por David Baltimore em 1971. Como todos os o outros vírus do grupo IV, ele tem um sentido positivo, ou seja, uma cadeia-única, uma fita de RNA. Há trinta alfavírus capazes de infectar vários vertebrados, tais como os seres humanos, roedores, peixes, aves e mamíferos de grande porte tais como cavalos. E claro, também invertebrados. A transmissão entre espécies e indivíduos ocorre principalmente através de mosquitos. Este vírus esta envolvido em estruturas moleculares com um diâmetro de 70 nm, tendem a ser de forma esférica (ou ligeiramente pleomorfo), com um cápsula proteica em torno do núcleo nucleocapsídeo medindo 40 nm (Oxford dictionaries).
Por ser um RNA com um genoma de sentido positivo e sua cadeia, tem de cerca de 11.6kb. (Weaver et al, 2012) é um membro do complexo de vírus da floresta de Semliki e está intimamente relacionado com o vírus Ross River, vírus O’nyong Nyong (Powers et al, 2001). Uma vez que é transmitido por artrópodes, podem também ser referidos como um arbovírus (caracteristica que determina o grupo). Nos Estados Unidos, é classificado como um patógeno prioridade categoria C, (NIAID Category, 2014) e trabalho requer Nível de Biossegurança precauções III (Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories, 2014). De acordo com a CDC (Centers for Disease Control and Prevention – Centro de Controle e Prevenção de Doenças), agentes de categoria C são de 3ª maior prioridade pois incluem patógenos emergentes.
Árvore filogenética não enraizadas de espécies de alfav�us gerada a partir de sequências completas poliproteína de aminoácidos estruturais usando o programa de neighbor-joining (61). Vírus abreviaturas são encontrados na Tabela 1, nota 6. Os números referem-se a inicializar os valores definidos para clados pelo nó indicado.
Árvore filogenética de espécies de alfavírus gerada a partir de sequências completas de poliproteína. Os números referem-se aos valores definidos para clados pelo nó. FonteJournal of Virology
Um modo menos comum de transmissão do chikungunya é a transmissão vertical; transmissão de mãe para filho durante a gravidez ou no momento do nascimento. A transmissão através de produtos sanguíneos infectados e através de doação de órgãos, também é teoricamente possível em épocas de surto, embora nenhum caso ainda tenha sido documentado (Burt et al, 2012).
O caso mais comum e que gera surtos é através do mosquito. A adaptação de mosquitos a mudanças climáticas do Norte de África há cerca de 5 mil anos o fez procurar ambientes onde os seres humanos armazenavam água (Morrison, 2014). Com o espalhamento do vírus chikungunya, que antes ocorria na região de Tanganica e do zika em uma floresta africana, associado a radiação do mosquito A. Aegypti pelo mundo nos últimos séculos é possível compreender porque vírus que eram apenas regionais passaram a causar mortes pelo mundo todo. Devemos lembrar que o surto de Ebola em 2014 também foi causado por esta via, começando na Nigéria, década de 70, ou mesmo a “gripe-suína” que começou na China.
Durante os períodos de epidemias de seres humanos são o reservatório do vírus. Como grandes quantidades de vírus estão presentes no sangue no início da infecção aguda, o vírus pode ser transmitido a partir de um ser humano com viremia para um mosquito que atua como vetor e re-transmite de volta ao ser humano (Morrison, 2014). Três sorotipos deste vírus têm sido descritos, cada um com um genótipo e características antigênicas diferentes; um do Oeste Africano, outro do Sudeste/Centro e Sul Africano e um Asiáticos (Powers et al, 2000).
Durante o processo de infecção, o vírus chikungunya é passado para os seres humanos quando uma picada de um mosquito infectado rompe a pele e introduz o vírus no corpo. O processo de infecção por chikungunya em seres humanos ainda é mal compreendido em seus detalhes moleculares apesar de surtos recentes; diferente da dengue que já é bem caracterizada. Em experimentos in vitro, o vírus chikunguya é capaz de replicar em células epiteliais humanas e células endoteliais, fibroblastos primários, e os macrófagos derivados de monócitos. A replicação viral é altamente citopática (mudanças bioquímicas das células e alterações morfológicas), mas susceptíveis ao interferon (Sourisseau et al, 2007). Interferon é uma proteína produzida pelos leucócitos e fibroblastos cuja função é interferir na replicação de vírus, bactérias e células de tumores, além de estimular a atividade de defesa de outras células. Existem três tipos de interferon, classificados de acordo com o receptor celular e resposta que ativam.
O ciclo de vida Alphavirus está a ser representado na figura. Alphaviruses entrar nas células alvo por endocytosis33. Alguns receptores (por exemplo, dendrítica específica de células-ICAM3 agarrando não-integrina 1 (DC-SIGN, também conhecido como CD209), fígado e linfonodos-SIGN (L-SIGN, também conhecido como CLEC4M), sulfato de heparan, laminina e integrinas) têm sido implicados neste processo, mas seus papéis requeridos não foram firmemente established33. Após endocitose, o meio ácido do endossoma desencadeia mudanças conformacionais no envelope viral peptide90 que expõem a E1, 135, que medeia a fusão da membrana do vírus na célula-hospedeiro. Isto permite a libertação citoplasmática de o núcleo e a libertação dos genome6 virais, 29, 136. Os dois precursores de proteínas não-estruturais (PTS), são convertidos a partir do ARNm viral, e a clivagem destes precursores Gera-NSP1 NSP4. NSP1 está envolvida na síntese da cadeia negativa do RNA viral e tampar RNA tem properties33, 137, nsP2 exibe actividades RNA helicase, trifosfatase RNA e proteinase e está envolvido no shut-off de transcription138 célula hospedeira, NSP3 faz parte da replicase NSP4 unidade e o RNA viral é polymerase33. Estas proteínas montar para formar o complexo de replicação viral, que sintetiza um de comprimento total de ARN de cadeia negativa intermediário. Isto serve como molde para a síntese de ambos os subgenómicos (26S) e (49S) ARNs genómicos. O RNA subgenómico dirige a expressão do precursor de poliproteina C-pE2-6K-E1 que é processada por uma protease serina autoproteolica. A cápside (C) é libertado, e as glicoproteínas PE2 e E1 são geradas por processamento adicional. pE2 e E1 associado do Golgi e são exportados para a membrana plasmática, pE2 Onde é clivada em E2 (que está envolvida na ligação ao receptor) e E3 (que medeia dobragem adequada de pE2 e sua posterior associação com E1). montagem viral é promovida pela ligação do nucleocapsídeo viral para o ARN viral e o recrutamento das glicoproteínas do envelope associada à membrana. A partícula de alfavírus montado, com um núcleo icosaédrica, botões na membrana celular.
O ciclo de vida Alphavirus está representado na figura. O Alphavirus entrar nas células alvo por endocitose. Em meio ácido do endossoma desencadeia mudanças conformacionais no envelope viral peptídeo que expõem a E1, e medeia a fusão da membrana do vírus na célula-hospedeira. Isto permite a libertação citoplasmática do núcleo e a libertação dos genoma viral. Os dois precursores de proteínas não-estruturais (PTS), são convertidos a partir do RNAm viral, e a clivagem destes precursores gera-NSP1 NSP4. NSP1 está envolvida na síntese da cadeia negativa do RNA viral. O NSP2 exibe atividades como a RNA helicase, trifosfatase RNA e proteinase e está envolvido no desligamento da trascriçao na célula hospedeira, e NSP3 faz parte da replicase NSP4 e o RNA viral é polimerase. Estas proteínas montam-se e formam o complexo de replicação viral, que sintetiza um RNA de cadeia negativa intermediário. Isto serve como molde para a síntese de ambos RNAs sub-genômicos (26S) e genômicos (49S). O RNA sub-genômico dirige a expressão do precursor de poliproteina C-pE2-6K-E1 que é processada por uma protease serina autoproteolica. A cápside (C) é libertado, e as glicoproteínas PE2 e E1 são geradas por processamento adicional. As pE2 e E1 associadas ao Golgi são exportadas para a membrana plasmática, onde pE2 é clivada em E2 (que está envolvida na ligação ao receptor) e E3 (que medeia dobragem adequada de pE2 e sua posterior associação com E1). A montagem viral é promovida pela ligação do nucleocapsídeo viral para o RNA viral e o recrutamento das glicoproteínas do envelope associada à membrana. FonteNature
In vivo, no estudos com células vivas, o vírus chikungunya parece replicar-se em fibroblastos, células progenitoras de músculo esquelético, e miofibras (Ozden et al, 2007).
A resposta do interferon tipo-1 parece desempenhar um papel importante na resposta do hospedeiro à infecção chikungunya. Após a infecção, fibroblastos do hospedeiro produzem o interferon-tipo1-α e interferon-tipo1-β (IFN-α e IFN-β). Em estudos com ratos expostos ao chikungunya, com deficiências no INF-1 leva ao aumento da mortalidade (Schilte et al, 2010). Os componentes específicos do chikungunya da via de interferon-tipo-1 envolvido na resposta do hospedeiro à infecção seja ainda desconhecidas (White et al, 2011).
Na fase aguda (duração menor que duas semanas) do chikungunya, o vírus está normalmente presente nas áreas onde os sintomas estão presentes; músculos esqueléticos especificamente e articulações. Na fase crônica, a persistência viral (a incapacidade do corpo para libertar-se totalmente do vírus), a falta de depuração do antigênio contribui para a dor articular. A resposta da inflamação durante a fase aguda e crônica da doença resulta em parte das interações entre o vírus com monócitos e macrófagos. Níveis elevados de citocinas e quimiocinas (proteínas de sinalização celular) específicas têm sido associados à doença aguda mais severa.
As citoquinas podem também contribuir para a versão crônica da chickungunya crônica, levando a uma elevação ligeira de granulócitos-macrófagos e de proteína C-reativa (CRP), sugerindo o início de uma inflamação crônica (Morrison, 2014).
O vírus CHIKV é composto por quatro proteínas não-estruturais e três proteínas estruturais (Weaver etal, 2015). As proteínas estruturais são o capsídeo e duas glicoproteínas do envelope viral: E1 e E2, que formam pontas heterodiméricas na superfície (vide primeira figura deste texto). A glicoproteina E2 se liga aos receptores celulares, de modo a entrar na célula hospedeira através de endocitose mediada pelo receptor. A glicoproteina E1 contém um peptídeo de fusão que, quando expostos à acidez do endossoma, em células eucarióticas, dissocia-se do E2 e inicia a fusão da membrana que permite a libertação dos nucleocapsídeos para o citoplasma, promovendo a infecção (Voss et al, 2010). O vírus maduro contém 240 pontos heterodiméricos de E2/E1, que são liberados na superfície da célula infectada, e são expulsos por exocitose de infectar outras células (Weaver etal, 2015). O vírus da dengue passa pelo mesmo tipo de procedimento e foi retratado anteriormente aqui.
Durante o surto de chukungunya de La Reunion em 2006, cerca de 50% pessoas com mais de 45 anos relataram dor múscular-esquelética a longo prazo (Gérardin et al, 2013). Cerca de 60% das pessoas relatam dor nas articulações durante três anos após a infecção inicial (Schilte et al, 2013). Um estudo de caso demonstrou que 59% das pessoas ainda sofriam de artralgia (dor nas articulações) dois anos após a infecção aguda (Larrieu et al, 2010). Em uma epidemia local de chikungunya na Itália, 66% das pessoas relataram dores musculares, nas articulações ou fraqueza um ano depois infecção aguda (Moro et al, 2012). Atualmente, a causa destes sintomas crônicos não é totalmente conhecida (Schilte et al, 2013).
A melhor estratégia para evitar ser infectado pelo vírus chikunguya é evitar a proliferação do mosquito vetor, e claro, não existe nenhuma vacina aprovada. O controle da população do mosquito vem da eliminação de locais onde a água fica parada, onde os mosquitos depositam os ovos e se desenvolve como larva; uso de inseticida, adição de cloro ou agua sanitária onde a eliminação da água parada não for possível (Weaver et al, 2015). Métodos de proteção contra o contato com mosquitos incluem o uso de repelentes de insetos com substâncias como DEET, icaridina, PMD (p-mentano-3,8 -diol, uma substância derivado da árvore do eucalipto limão), ou IR3535.
.
Aspectos epidemiológicos do chikungunya e sua presença no Brasil.
Historicamente, o chikungunya está amplamente distribuído no mundo. A doença causa cerca de 3 milhões de infecções por ano (Seppa, 2015). As epidemias no Oceano Índico, Ilhas do Pacífico e nas Américas continuam alterando a distribuição da doença (Poh et al, 2012). Na África, o chikungunya é espalhado por um ciclo silvestre em que o vírus se adapta dentre primatas não-humanos, mamíferos pequenos, e os mosquitos geram surtos em humanos (Powers et al, 2002). Os surtos foram normalmente ligados à precipitação. Nos últimos anos os surtos em centros urbanos, o vírus se espalhou pela circulação entre humanos e mosquitos (Burt et al, 2012) e as taxas globais de infecção por chikungunya se tornaram variáveis.
Denota Países Red Com a transmissão anterior ou atual local de CHIKV, por CDC a partir de julho de 2015.
Vermelho demonstra países com a transmissão anterior ou atual local de CHIKV constatada pelo CDC a partir de julho de 2015.
Quando chikungunya foi identificado pela primeira vez em 1952, ele teve uma circulação de baixo nível na África Ocidental, com as taxas de infecção relacionadas às chuvas. Começando na década de 1960, surtos periódicos foram documentados na Ásia e África. No entanto, desde 2005, o chikungunya ressurgiu e causou grandes surtos na África, Ásia e Américas. Na Índia, por exemplo, o chikungunya re-apareceu depois de 32 anos de ausência de atividade viral (Lahariya & Pradhan, 2006). Os surtos ocorreram na Europa, Caribe e América do Sul, áreas em que a chikungunya não foi previamente transmitido. A transmissão local também ocorreu nos Estados Unidos e na Austrália, países em que o vírus era até então desconhecido (Burt et al, 2012). Em 2005, quando houve o surto na ilha La Reunion, em seguida, foi documentado uma estimativa de 266 mil casos em uma ilha com um população de aproximadamente 770 mil (Roth et al, 2014). No surto de 2006, a Índia relatou 1,25 milhões de casos suspeitos (Muniaraj, 2014). O chikungunya foi recentemente introduzido nas Américas, e desde 2013-14 e cerca de 1,118,763 casos suspeitos foram relatados, com 24.682 casos confirmados foram relatados na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2015).
Uma análise do código genético do vírus Chikungunya sugere que o aumento da gravidade da situação em 2005 pode ter sido causado por uma alteração na sequência genética que alterou o segmento de E1 do vírus da ‘proteína de revestimento viral, criando uma variante chamada E1-A226V. Esta mutação permite potencialmente que o vírus se multiplique mais facilmente nas células de mosquito (Schuffenecker et al, 2006). A alteração permite que o vírus a utilizar o mosquito tigre asiático (discutido previamente). A transmissão por A. albopictus pode significar um aumento do risco de surtos em outras áreas onde o mosquito está presente. Esta, é uma espécie invasora que se espalhou pela Europa, Américas, Caribe, África e Oriente Médio.
Após a detecção do vírus zika no Brasil em abril de 2015 (G1, 2015) acredita-se que casos de dengue e chikungunya poderiam ser de fato casos de vírus ou co-infecções.
No ano de 2015 foram notificados 20.661 casos suspeitos de febre de chikungunya; comparado com 2014 que somaram 3.657 casos. Ao todo, 7.823 foram confirmados em 2015, sendo 560 por critério laboratorial e 7.263 clínico-epidemiológico. O restante ainda está em investigação mas de acordo com os dados,18 estados registraram a circulação do vírus. No período, registraram-se três óbitos pela doença no Brasil, sendo dois na Bahia e um em Sergipe. Conforme as investigações, essas mortes ocorreram em pessoas com idade avançada (85, 83 e 75 anos) com histórico de doenças crônicas preexistentes.
As infecções por chikungunya (e dengue) têm os mesmos sintomas. As peculiaridades são que, enquanto a dengue tem evolução mais grave, a febre chikungunya é considerada mais leve, mas com dores mais intensas nas articulações (Agencia Brasil, 2016).
Victor Rossetti
Palavras chave: NetNature, Rossetti, Chikungunya, CHIKV, Aedes aegypti, Vírus, Epidemiologia, África, Tanganica.
.
Referências
Benjamin M (2008). “Chikungunya is NOT a Swahili word, it is from the Makonde language!
Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories (BMBL) Fifth Edition” (PDF). Retrieved 1 January 2014.
Burt, Felicity J; Rolph, Micheal S; Rulli, Nestor E; Mahalingam, Suresh; Heise, Mark T (2012). “Chikungunya: a re-emerging virus”. The Lancet 379 (9816): 662–671.
Carey DE (July 1971). “Chikungunya and dengue: a case of mistaken identity?”. J Hist Med Allied Sci 26 (3): 243–62.
Centers for Disease Control Prevention (CDC) (29 September 2006).
Cherian SS, Walimbe AM, Jadhav SM, Gandhe SS, Hundekar SL, Mishra AC, Arankalle VA (January 2009). “Evolutionary rates and timescale comparison of Chikungunya viruses inferred from the whole genome/E1 gene with special reference to the 2005-07 outbreak in the Indian subcontinent”. Infect. Genet. Evol. 9 (1): 16–23.
Enserink M (2007). “EPIDEMIOLOGY: Tropical Disease Follows Mosquitoes to Europe”. Science 317 (5844): 1485.
Gérardin P, Fianu A, Michault A, Mussard C, Boussaïd K, Rollot O, Grivard P, Kassab S, Bouquillard E, Borgherini G, Gaüzère BA, Malvy D, Bréart G, Favier F (9 January 2013). “Predictors of Chikungunya rheumatism: a prognostic survey ancillary to the TELECHIK cohort study.”. Arthritis Research & Therapy 15 (1): R9.
Lahariya C, Pradhan SK (December 2006). “Emergence of chikungunya virus in Indian subcontinent after 32 years: A review” (PDF). J Vector Borne Dis 43 (4): 151–60.
Larrieu S, Pouderoux N, Pistone T, Filleul L, Receveur MC, Sissoko D, Ezzedine K, Malvy D (Jan 2010). “Factors associated with persistence of arthralgia among Chikungunya virus-infected travellers: report of 42 French cases.”. Journal of clinical virology : the official publication of the Pan American Society for Clinical Virology 47 (1): 85–8
Lumsden WH (1955). “An epidemic of virus disease in Southern Province, Tanganyika Territory, in 1952–53. II. General description and epidemiology”. Trans. R. Soc. Trop. Med. Hyg. 49 (1): 33–57.
Mavalankar D, Shastri P, Bandyopadhyay T, Parmar J, Ramani KV (2008). “Increased Mortality Rate Associated with Chikungunya Epidemic, Ahmedabad, India”. Emerging Infectious Diseases 14 (3): 412–5.
Moro ML, Grilli E, Corvetta A, Silvi G, Angelini R, Mascella F, Miserocchi F, Sambo P, Finarelli AC, Sambri V, Gagliotti C, Massimiliani E, Mattivi A, Pierro AM, Macini P (August 2012). “Long-term chikungunya infection clinical manifestations after an outbreak in Italy: a prognostic cohort study.”. The Journal of infection 65 (2): 165–72.
Morrison, T. E. (2014). “Reemergence of Chikungunya Virus”. Journal of Virology 88 (20): 11644–11647.
Muniaraj M (2014). “Fading chikungunya fever from India: beginning of the end of another episode?”. Indian J. Med. Res. 139 (3): 468–70.
NIAID Category A, B, and C Priority Pathogens”. Retrieved 1 January 2014.
Ozden S, Huerre M, Riviere JP, Coffey LL, Afonso PV, Mouly V, de Monredon J, Roger JC, El Amrani M, Yvin JL, Jaffar MC, Frenkiel MP, Sourisseau M, Schwartz O, Butler-Browne G, Desprès P, Gessain A, Ceccaldi PE (13 June 2007). “Human muscle satellite cells as targets of Chikungunya virus infection.”. PLoS ONE 2 (6): e527.
Pan-American Health Organization (PAHO). 2015.
Poh, Lisa Ng Fong; Sam, I-Ching; Loong, Shih-Keng; Michael, Jasmine Chandramathi; Chua, Chong-Long; Wan Sulaiman, Wan Yusoff; Vythilingam, Indra; Chan, Shie-Yien; Chiam, Chun-Wei; Yeong, Yze-Shiuan; AbuBakar, Sazaly; Chan, Yoke-Fun (2012). “Genotypic and Phenotypic Characterization of Chikungunya Virus of Different Genotypes from Malaysia”. PLoS ONE 7 (11): e50476.
Powers AM, Weaver SC, Stinchcomb DT, Osorio JE (April 2011). “Probing the attenuation and protective efficacy of a candidate chikungunya virus vaccine in mice with compromised interferon (IFN) signaling”. Vaccine 29 (16): 3067–73.
Powers AM, Brault AC, Tesh RB, Weaver SC (February 2000). “Re-emergence of Chikungunya and O’nyong-nyong viruses: evidence for distinct geographical lineages and distant evolutionary relationships”. J. Gen. Virol. 81 (Pt 2): 471–9.
Powers AM, Brault AC, Shirako Y, Strauss EG, Kang W, Strauss JH, Weaver SC (November 2001). “Evolutionary relationships and systematics of the alphaviruses”. Journal of Virology 75 (21): 10118–31.
Powers AM, Logue CH (September 2007). “Changing patterns of chikungunya virus: re-emergence of a zoonotic arbovirus”. J. Gen. Virol. 88 (Pt 9): 2363–77.
Roth, Adam; Hoy, Damian; Horwood, Paul F.; Ropa, Berry; Hancock, Thane; Guillaumot, Laurent; Rickart, Keith; Frison, Pascal; Pavlin, Boris; Souares, Yvan (2014). “Preparedness for Threat of Chikungunya in the Pacific”. Emerging Infectious Diseases 20 (8).
Schwarz NG, Girmann M, Randriamampionona N, Bialonski A, Maus D, Krefis AC, Njarasoa C, Rajanalison JF, Ramandrisoa HD, Randriarison ML, May J, Schmidt-Chanasit J, Rakotozandrindrainy R (November 2012).
Schilte C, Staikowsky F, Staikovsky F, Couderc T, Madec Y, Carpentier F, Kassab S, Albert ML, Lecuit M, Michault A (2013). “Chikungunya virus-associated long-term arthralgia: a 36-month prospective longitudinal study.”. PLoS neglected tropical diseases 7 (3): e2137.
Schilte C, Couderc T, Chretien F, Sourisseau M, Gangneux N, Guivel-Benhassine F, Kraxner A, Tschopp J, Higgs S, Michault A, Arenzana-Seisdedos F, Colonna M, Peduto L, Schwartz O, Lecuit M, Albert ML (February 2010). “Type I IFN controls chikungunya virus via its action on nonhematopoietic cells”. J. Exp. Med. 207 (2): 429–42.
Schuffenecker I, Iteman I, Michault A; et al. (July 2006). “Genome microevolution of chikungunya viruses causing the Indian Ocean outbreak”. PLoS Med. 3 (7): e263.
Seppa, Nathan (2 Jun 2015). “Chikungunya is on the move”. Science News
Sourisseau M, Schilte C, Casartelli N, Trouillet C, Guivel-Benhassine F, Rudnicka D, Sol-Foulon N, Le Roux K, Prevost MC, Fsihi H, Frenkiel MP, Blanchet F, Afonso PV, Ceccaldi PE, Ozden S, Gessain A, Schuffenecker I, Verhasselt B, Zamborlini A, Saïb A, Rey FA, Arenzana-Seisdedos F, Desprès P, Michault A, Albert ML, Schwartz O (June 2007). “Characterization of reemerging chikungunya virus”. PLoS Pathog. 3 (6): e89.
Staples JE, Fischer M (2014). “Chikungunya virus in the Americas–what a vectorborne pathogen can do”. N. Engl. J. Med. 371 (10): 887–9.
Voss, JE; Vaney, MC; Duquerroy, S; Vonrhein, C; Girard-Blanc, C; Crublet, E; Thompson, A; Bricogne, G; Rey, FA (2 December 2010). “Glycoprotein organization of Chikungunya virus particles revealed by X-ray crystallography.”. Nature 468 (7324): 709–12.
Weaver, Scott C; Osorio, Jorge E; Livengood, Jill A; Chen, Rubing; Stinchcomb, Dan T (2012). “Chikungunya virus and prospects for a vaccine”. Expert Review of Vaccines 11 (9): 1087–1101.
Weaver, Scott C.; Lecuit, Marc (2015). “Chikungunya Virus and the Global Spread of a Mosquito-Borne Disease”. New England Journal of Medicine 372 (13): 1231–1239.
White LK, Sali T, Alvarado D, Gatti E, Pierre P, Streblow D, Defilippis VR (January 2011). “Chikungunya virus induces IPS-1-dependent innate immune activation and protein kinase R-independent translational shutoff”. J. Virol. 85 (1): 606–20.
Postado aqui













Beijões Gordos,

Claudia Rocha GorDivah
Snap: gordivah